Abstract

Introdução: o envelhecimento é um processo de ajuste entre perdas e ganhos entre os diferentes componentes da cognição, onde a memória é reconhecida tanto por pesquisadores como por idosos como um componente sensível a ser afetado. Os programas de estimulação cognitiva para idosos tendem a centrar-se em habilidades instrumentais, sem validade ecológica; um programa em habilidades funcionais baseado em estratégias específicas e com conteúdo significativo para o indivíduo (autobiográfico) é uma alternativa a ser considerada. Objetivo: determinar o efeito de um programa de intervenção baseado na reminiscência (PECCBREM) em relação com o processamento cognitivo global e a autopercepção de bem-estar subjetivo de idosos. Considerou-se que o programa deveria utilizar um mínimo de recursos para garantir sua aplicabilidade na Atenção Primária, Centros de Idosos ou instituições beneficentes de acolhida. Método: selecionou-se uma amostra intencional de 90 idosos autossuficientes, com idades de 60 a 89 anos e com uma escolaridade superior a 6 anos de instrução formal. Dentre eles (n=58) compuseram o grupo estudo e a diferença (n=32) o grupo controle. O programa foi administrado no grupo de estudo. Compararam- se as medidas de resultado de eficácia cognitiva global (MMSE) e bem-estar subjetivo (SWLS) antes e depois do programa, mediante a prova de Wilcoxon. Além de comparar-se as diferenças do pré e pós teste entre ambos os grupos mediante U de Mann Whitney. Resultados: observou-se uma diferença estatisticamente significativa entre o pré e o pós teste de SWLS no grupo estudo, não sendo assim no grupo controle (W= -6,33; p=0,000 e W= -0,37; p=0,708, respectivamente). Este resultado se replicou para a variável eficácia cognitiva global (W= -4,43; p=0,000 e W= -1,21; p=0,225, respectivamente). Finalmente, observou-se uma diferença entre os grupos em ambas medidas com maior benefício no grupo que recebeu a intervenção (MMSE: U=587; p=0,002; SWLS: U=313; p=0,000). Conclusão: O programa padrão é uma alternativa viável para a estimulação funcional cognitiva-comunicativa. A evidência das diferenças nas atuações respalda sua utilidade e validade para a intervenção.